04/11/2011

TOC

Um homem em meio a várias pessoas. Em sua camisa havia um crachá com uma foto sua e estava escrito: “Ação Magazine: Tomas Oliveira Carvalho, Editor”.
Na foto ele parecia desanimado, triste, cabisbaixo. Ele usava óculos e uma bolsa masculina. Estava indo em direção ao metrô com certa pressa, caminhando rápido. Ele falou baixo para si mesmo:

- Não posso perder o meu trem.

Quando chegou em frente à escada que levava ao embarque, foi parado por uma bela moça que disse empolgada:

- Tomas! Eu não acredito! Quanto tempo!

Tomas olhou-a e percebeu quem era, mas quis parecer indiferente. Ela falou:

- Você não se lembra de mim? Eu fui sua colega no Ensino Médio. Nós éramos amigos.

- Sim. Eu me lembro de você, Renata. – Disse ele, ainda com pressa.

Ela sorriu e perguntou:

- Você poderia me dar o seu telefone para mantermos contado?

- Na verdade, agora estou com muita pressa. Eu preciso ir. Antes de acabar de falar já estava andando em direção à escada.

Tomas lembrou, enquanto caminhava rápido, que tinha sido apaixonado por ela no ensino médio. Mas precisava pegar o trem 244. Quando ele estava perto da catraca do metro, viu seu trem passar.

A culpa era daquela maldita mulher! Ele ficou muito bravo com ela. Virou-se e correu em direção à rua. Chegando lá fez sinal para um táxi que passava e entrou dizendo:

- Para a próxima estação do metrô. Rápido, por favor!

O taxista acelerou e andou o mais rápido que pode. Algumas quadras antes da estação, o táxi parou em um engarrafamento. Tomas precisava pegar aquele trem. Ele pegou sua bolsa e saiu do táxi sem pagar gritando para o taxista:

- Desculpe, eu preciso pegar aquele trem!

Ele correu em direção à estação, o taxista saiu do táxi e o seguiu gritando:

- Espera aí, você precisa me pagar!

Tomas correu o máximo que pode para fugir do homem e para pegar seu trem. Quando chegou, desceu a escada, chegou em frente à catraca e não achava seu bilhete, precisava comprar outro. Voltou à bilheteria e enquanto procurava o dinheiro em sua carteira, viu o taxista descendo a escada com muita raiva gritando:

- Volte aqui, seu desgraçado!

Ele percebeu que não havia mais tempo, então jogou a carteira no balcão e correu em direção à catraca, pulando-a.
A mulher que estava no balcão avisou os seguranças pelo rádio.
Quando ele chegou à plataforma, ouviu o trem vindo, longe ainda. Olhou para trás e viu três guardas com bastões em punho. Um deles se aproximou em silêncio enquanto outro dizia:

- Coloque as mãos na cabeça, rapaz.

Ao fundo, Tomas podia ouvir o taxista gritando. Quando um dos guardas se aproximou mais, ele não se controlou e arrancou o bastão da sua mão e lhe deu um chute no estômago. Os outros se surpreenderam por seu companheiro ter caído diante de um rapaz qualquer. Tomas também estava surpreso com sua força. Ele estava realmente com problemas psicológicos.
Ouviu o trem chegando, não podia perdê-lo. Os guardas foram em sua direção com agressividade, mas ele se defendeu com o bastão, acertando a cabeça de um, mas o outro conseguiu segurar seu braço.

Tomas empurrou o guarda que o segurava conseguindo se soltar, mas, por estar na beirada da plataforma, caiu nos trilhos. O trem chegava cada vez mais perto. Tomas fechou os olhos esperando sua morte certa.

Ele permaneceu com os olhos fechados, mas não foi esmagado. Ouviu vozes falando todas ao mesmo tempo. Quando abriu os olhos, viu o trem parado na estação a poucos centímetros dele com o número “245”. Ele ouviu uma doce voz feminina dizendo:

- Tomas, pegue a minha mão!

Quando ele olhou para a plataforma, viu Renata com a mão estendida e todas as pessoas que saíram do trem que quase havia lhe esmagado.
Ele achava que ela havia causado tudo isso, mas a verdade é que o verdadeiro causador foi ele e seu Transtorno Obsessivo Compulsivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário